Exit in Public #9: Nem mesmo um Videnci preveria um exit tão rápido e intenso 🔮
De zero a R$ 18M de valuation em 1 ano e 6 meses. Estudo de caso do exit de um dos empreendedores do Videnci.
O Exit in Public é uma iniciativa pessoal que visa abrir a caixa preta do M&A de startups com fundadores, investidores, colaboradores e quem mais possa se interessar sobre o assunto.
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Oi, pessoal!
Quando comecei o Exit in Public, fiz questão de resumir a minha tese por trás dessa iniciativa logo na edição #0. Se você ainda não leu, fica meu convite para conferir.
Tenho forte convicção que cases de exits fortalecem o ecossistema empreendedor. Sejam quais forem as ‘condições de temperatura e pressão’ por trás de cada um deles.
Os aprendizados, a formação de pessoas, a geração de riqueza / valor, as histórias por trás de cada jornada, entre outros fatores, formam uma combinação vitoriosa para evoluirmos como ecossistema.
Acredito que precisamos falar mais desses cases. Dar nomes e cor a cada um deles.
Minha ideia é adicionar um novo formato de conteúdo, no qual entrevistarei alguns empreendedores para contarem os bastidores e aprendizados por trás dos seus exits.
Pretendo intercalar minhas análises com algumas dessas entrevistas.
Como todo teste, conto com os feedbacks de vocês para saber se esse formato faz sentido e, se sim, como ele pode evoluir.
Bom, com a introdução feita, hora de mergulharmos nessa edição!
TL;DR:
Não importa o estágio em que você esteja, o ciclo econômico ou se você está numa posição confortável ou não de caixa, a combinação eficiência, priorização e disciplina se configuram como um verdadeiro e atemporal superpoder para qualquer empreendedor.
Nem todos os sócios estão no mesmo momento de vida, não necessariamente enxergam as mesmas coisas para o futuro e estão dispostos a tomar os mesmos níveis de risco… e está tudo bem!
Na hora do exit, lidar com cuidado, zelo, respeito e transparência é o que se espera depois de toda confiança depositada pela equipe, clientes, fornecedores, parceiros, etc.
Uma dica simples, mas mais uma vez, fácil de falar e difícil de fazer: mantenha a casa em ordem!
Como em todo exit, a história não acaba quando a operação em si é concluída. Há um novo capítulo que se inicia, seja com a integração, seja com um novo negócio, seja como investidor ou com o que for.
De zero a R$ 18M de valuation em 1 ano e 6 meses!
Essa é a história do Rodrigo Scheliga, um dos empreendedores por trás do Videnci.
Fun fact: conheci o Rodrigo por conta do Bruno Okamoto, founder da EUNERD.
Nós três compartilhamos do gosto por escrever aqui no substack.
O Bruno tem uma news super legal, e pioneira aqui no Brasil, que discute sobre A nova economia do Micro-SaaS. Já o Rodrigo é um dos cérebros por trás da Builders 2 Builders.
O Videnci nasceu da oportunidade de alinhar o resultado operacional com o movimento de digitalização das empresas. Tudo isso no início de 2020, quando começávamos, infelizmente, a enfrentar a pandemia da COVID-19 aqui no Brasil.
A necessidade de reinvenção nos modelos de atuação, automação e digitalização de processos e rotinas passaram a ser projetos importantes para gestores de inúmeros segmentos.
Rodrigo atuava como consultor na área de Operações para empresas SaaS quando conheceu o Gabriel Espíndola, seu “companheiro de trincheira” como descrevem essa relação empreendendo.
Gabriel, na época, tocava o Marketing do Videnci. Além do Gabriel, havia mais um empreendedor e, também, um investidor-anjo.
Após diversas trocas, a sinergia de visão, valores e cultura entre os dois ficou clara, o que fez com que Rodrigo fosse chamado para fazer parte do time do Videnci.
Uma jornada de 1 ano e 6 meses desafiadora, intensa e recheada de aprendizados.
Rodrigo conta que na época do MVP, quando apresentava para os potenciais clientes, cada login era uma caixinha de surpresas 😂
Ou demorava longos 3-5 minutos simplesmente para carregar cada tela ou simplesmente, em alguns casos, a aplicação travava por completo.
If you're not embarrassed by the first version of your product, you've launched too late.
- Reid Hoffman
No caso do Rodrigo, e do Videnci, essa famosa afirmação foi um retrato fiel do que viveram.
Algo que me chamou atenção conversando com o Rodrigo foi a obsessão por aprendizagem que ele demonstra.
Não só teórica, bebendo das melhores fontes e referências, mas, sobretudo, prática, ouvindo quem mais importa: os usuários.
O go-to-market do Videnci se deu por meio de um modelo freemium, no qual a estratégia consistia em a cada novo cohort de usuários, analisar o comportamento de uso e entender em qual etapa da jornada existia a maior taxa de abandono.
Com estes dados, partiam para a formulação e execução dos experimentos para atacar os problemas mapeados de forma a testar e descobrir quais abordagens se provariam vencedoras.
Num cenário de restrição de recursos, leia-se caixa, como era o caso do Videnci, eficiência, priorização e disciplina na experimentação eram três palavras de ordem por uma questão de sobrevivência.
Na minha visão, não importa o estágio em que você esteja, o ciclo econômico ou se você está numa posição confortável ou não de caixa, a combinação de eficiência, priorização e disciplina se configuram como um verdadeiro e atemporal superpoder para qualquer empreendedor.
Algo que parece trivial, mas constantemente esquecido por empreendedores (e investidores), como destaca Paul Graham em uma de suas famosas essays Default Alive or Default Dead?.
Assuming their expenses remain constant and their revenue growth is what it has been over the last several months, do they make it to profitability on the money they have left? Or to put it more dramatically, by default do they live or die?
- Paul Graham
Em meio a inúmeros experimentos, conheceram e testaram o Product-led Growth (PLG), que se provou vencedor para o contexto do Videnci.
Com isso, redesenharam a jornada do usuário, recriaram a plataforma e reorganizaram a estrutura da empresa de modo a capturar todo valor que enxergavam.
O resultado? Em 18 meses, cresceram 16x, trazendo nomes como: Nike, Zara, Loft, Rappi e RedBull para o portfólio de clientes.
Com o avançar da jornada, e nos constantes (e necessários) realinhamentos de expectativas entre todos os sócios, Rodrigo e Gabriel, decidiram por realizar o seu exit.
Mas para quem?
Para os demais sócios e investidores do Videnci!
Esse tipo de saída, apesar de pouco noticiada, é comum e pode ser bastante efetiva, se bem coordenada. É o que o pessoal chama de ‘Secundária’, ou seja, quando as ações de determinado sócio são compradas por um novo investidor (seja ele financeiro ou estratégico), pelos investidores atuais ou, até mesmo, pelos demais empreendedores.
Essa questão das expectativas é algo negligenciado, mas é algo que desempenha um papel fundamental. É crítico alinhar e realinhar com frequência.
Afinal, nem todos os sócios estão no mesmo momento de vida, não necessariamente enxergam as mesmas coisas para o futuro e estão dispostos a tomar os mesmos níveis de risco… e está tudo bem!
Ser rico ou ser rei? Essa pergunta pode ter respostas muito diferentes para cada sócio.
No caso do Videnci, ponderaram todas as visões, buscaram equilibrar o que cada um esperava e, principalmente, focaram em fazer essa transição de forma suave de modo a não afetar o crescimento que estavam experimentando e, também, não deixar nenhum cliente ou pessoa do time desamparada.
Mas a decisão estava tomada: Rodrigo e Gabriel optaram pela saída.
Da tomada de decisão até a saída e passagem de bastão, o processo durou em torno de 6 meses.
Um aspecto interessante que o Rodrigo destaca e que, particularmente, vejo como essencial é a forma com que você comunica para a equipe, clientes e fornecedores, parceiros, etc, sobre o seu exit.
Afinal, todos estes stakeholders fazem parte da jornada e depositam confiança no que você como empreendedor está construindo.
Lidar com cuidado, zelo, respeito e transparência é o que se espera depois de toda confiança depositada.
A transparência é, acima de tudo, um pilar ético e cultural. Tenho como premissa que a cultura é escrita em pedra, independente se é o início da sua startup ou em momentos de transição.
Fomos o mais claro possível com nossos sócios e o nosso time sobre o nosso momento de vida, e porque havíamos decidido por tomar esse próximo passo.
Quando explicamos o racional por trás da tomada de decisão, o exercício da empatia e entendimento a ser realizado por quem recebe a informação ficou muito mais fácil de ser praticado.
- Rodrigo Scheliga
Só que mesmo com o alinhamento feito é natural que diversas dúvidas e dificuldades surjam durante o processo de saída.
Essa não é a exceção, é a regra.
No caso do Videnci, como em tantas outras startups que já vi, o que pegou foi o jurídico.
Afinal, comumente não é uma área em que muitos empreendedores possuem expertise e, muitas vezes, só enxergam o valor e a importância num momento crucial da empresa, como é o exit.
Rodrigo conta que em um dado momento estavam com 3 escritórios jurídicos ao mesmo tempo, para garantir que a operação acontecesse respeitando o alinhamento de interesses de todos.
Uma dica simples, mas mais uma vez, fácil de falar e difícil de fazer: mantenha a casa em ordem!
“How you do anything is how you do everything.”
- Citação atribuída ao Zen Budismo por Simon Sinek
Fim da história?
Ainda não… Como em todo exit, a história não acaba quando a operação em si é concluída. Há um novo capítulo que se inicia, seja com a integração, seja com um novo negócio, seja como investidor ou com o que for.
E é justamente por esses novos capítulos que acredito tanto na força que cases como esse têm em nosso ecossistema.
No caso do Rodrigo, o exit fez com que ele fizesse uma profunda reflexão sobre quem ele é, o que valoriza, o que é bom e o que quer fazer (pelo menos pelos próximos anos).
Sua jornada com o Videnci revelou que seus superpoderes são atuar na definição de estratégia go-to-market, experimentar hipóteses e o olhar para eficiência de caixa fazendo mais com menos.
Com isso, hoje, Rodrigo se dedica a 3 grandes frentes:
Compartilhando com a Builders 2 Builders: newsletter aonde divide um pouco do que testou, o que deu certo, o que deu errado, o que aprendeu com o Videnci e o que está testando, dando certo, dando errado e aprendendo na nova empreitada;
Investindo como anjo: busca aprender e se conectar com outros empreendedores que estão, também, na jornada de construir algo de valor para a sociedade.
Empreendendo com a Dayway (e de novo com o Gabriel!): uma startup spin-off da Falconi, uma das mais importantes e renomadas consultorias de gestão do país.
Algo que perguntei ao Rodrigo, e que espero perguntar aos demais empreendedores e empreendedoras que toparem dividir suas histórias por aqui, foi:
Quais os principais aprendizados que você carrega da sua jornada até o exit?
Rodrigo, humildemente, compartilhou os seguintes insights:
Desenvolva um ambiente com alta densidade de talentos. Pessoas incríveis não necessariamente está diretamente vinculado a senioridade, mas sim a vontade de aprender e fazer o projeto decolar;
Tenha como pilar uma cultura de experimentação e crie um ambiente em que todos aceitem o novo e o inesperado;
Go Slow to Go Far. Explique sempre a narrativa daquele projeto / atividade e abra para discussões com a equipe. A diversidade de ideias é o melhor terreno para inovação;
Não deixe de comemorar as pequenas vitórias. No fim do dia, são elas o combustível nessa intensa jornada que é construir um negócio. Saber aproveitar a jornada é tão importante quanto o destino em si.
Deixo aqui meu muito obrigado ao Rodrigo por compartilhar de maneira tão transparente sua jornada com o Videnci! Além de deixar, também, meus votos de muito sucesso nos próximos passos da sua jornada com a Builder 2 Builders, seus investimentos como anjo e com a Dayway.
E você, o que achou da história do Rodrigo e do Videnci? Tem sugestão de algum empreendedor ou empreendedora para eu entrevistar na próxima edição dessa coluna?
Não deixe de me mandar um email ou deixar um comentário. Vai ser um prazer continuar a conhecer histórias fascinantes por aqui!
Disclaimer: As análises e opiniões são minhas. Esse post tem apenas caráter educativo que visa apoiar empreendedores, investidores e demais interessados em melhor analisar transações de M&A divulgadas no mercado.
Referências que me inspiraram na construção desta edição:
Default Alive of Default Dead?, Paul Graham
Hoje o ciclo se encerra, Rodrigo Scheliga
Falconi cria startup focada em Software as a Service, Forbes
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Grande abraço,
Luiz
Me peguei sorrindo quando entendi o pun do título na metade do texto. Excelente artigo, obrigado a ambos por compartilhar!
que demais! baita história