Exit in Public #16: Performance pós-IPO de empresas tech LatAm
Retorno bruto, líquido, após 6 meses e desde a listagem.
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No artigo de hoje, investigo a performance pós-listagem das empresas tech LatAm nos 6 primeiros meses, no acumulado até hoje e, também, versus benchmarks como o S&P 500 e o Ibovespa.
Espero que gostem!
TL;DR:
Na média, o gross return foi de -5% após 6 meses da listagem. Enquanto que a mediana, foi de -17%.
Desde a listagem, o cenário é ainda mais desafiador e disperso com a média em 201% e mediana em -65%.
Já o net return vs S&P, após 6 meses da listagem, é de na média -10% e na mediana de -26%, sendo que 67% tiveram das empresas tiveram retornos líquidos negativos.
Versus o Ibovespa, o net return após 6 meses da listagem, a média é de -4% e a mediana de -19%, sendo que 58% tiveram das empresas tiveram retornos líquidos negativos.
Para o período analisado de 2005 a 2022, as safras de 2005 até 2014, no geral, apresentaram os melhores gross e net return, tanto para os primeiros 6 meses quanto para a visão até hoje (vs S&P e IBOV).
Como a ação das empresas tech na América Latina performaram após a listagem?
A motivação em responder essa pergunta veio após a combinação de alguns fatos ao longo dos últimos meses.
1º: o estudo do professor Ilya Strebulaev intitulado de “Unicorn Stock Net Return 180 days after IPO”;
2º: a sugestão do grande Zé Bernardes, ainda em janeiro, após a edição #12, onde ele trazia o desejo de ver a performance % desde a listagem e a hipótese a ser investigada se haveria uma espécie de ‘power law’ também no mercado público;
3º: A análise do CB Insights do Market Cap no IPO vs o Market Cap atual de algumas empresas e do Marcelo Linhares que abrasileirou a análise
4º: Recentes comentários e sugestões que recebi após uma publicação recente no LinkedIn.
Com base nessas referências e sugestões, montei o set de premissas para construir esse racional:
Preço da ação baseado no fechamento ao final do dia (EOD) do IPO / SPAC / Direct Listing
Preço da ação no fechamento após 6 meses da listagem (período considerado como típico para o lock-up para insiders e utilizado como premissa pelo prof. Ilya)
Se o 180º dia após a listagem caísse num dia sem pregão, utilizei o valor de fechamento do dia mais próximo com pregão
Preço da ação no fechamento do dia 21 de Julho de 2023 para empresas que seguem listadas
Preço da ação no fechamento do último pregão para o caso de empresas que fecharam capital, seja por fusão, aquisição ou mudança de bolsa de valores
Utilizei o S&P 500 e o Ibovespa como benchmarks para o cálculo do net return
A amostra seguiu a de outros estudos de listagens já utilizada aqui na Exit in Public com um n=33.
Com isso alinhado, estamos prontos para avançar para os resultados do estudo.
Na média, o gross return foi de -5% após 6 meses da listagem. Enquanto que a mediana, foi de -17%.
A dispersão é grande, com a Méliuz com um retorno positivo de ~300%, enquanto que ~60% das empresas tiveram retornos negativos no período.
Desde a listagem, o cenário é ainda mais desafiador e disperso com a média em 201% e mediana em -65%.
Aqui optei por não anualizar o retorno para termos uma visão total bruta e acumulada, mas é claro que isso impacta, dado que o tempo em que estão listadas as empresas variam muito, com veteranos como o Meli até empresas mais novatas no mercado público como a Semantix, por exemplo.
De todo modo, chama atenção dos retornos acumulados de Meli, Globant, TOTVS e Sinqia.
Já o net return vs S&P, após 6 meses da listagem, é de na média -10% e na mediana de -26%, sendo que 67% tiveram das empresas tiveram retornos líquidos negativos.
Comparando com o estudo do Ilya, o qual considerou uma amostra de 531 unicórnios dos EUA, vemos que a média ficou em -11%, mediana em -20% e o % de empresas com retornos negativos no período foi de ~70% em relação ao todo.
Versus o Ibovespa, o net return após 6 meses da listagem, a média é de -4% e a mediana de -19%, sendo que 58% tiveram das empresas tiveram retornos líquidos negativos.
Ou seja o benchmark do Ibovespa frente ao S&P, para os períodos considerados para cada companhia, foi mais baixo, o que melhora a média, mediana e o número de empresas com retorno positivo no período analisado.
Para o período analisado de 2005 a 2022, as safras de 2005 até 2014, no geral, apresentaram os melhores gross e net return, tanto para os primeiros 6 meses quanto para a visão até hoje (vs S&P e IBOV).
Safra de 2020 vem em sequência com forte início nos primeiros 6 meses e com a Locaweb mantendo o retorno positivo no acumulado até hoje.
Quais insights e/ou comentários você tem? Me manda um email ou deixa uma resposta abaixo. Como de costume, valorizo e aprendo muito com essas trocas.
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Errata - Atualizado em 27/07/2023:
Após a publicação inicial em 27 de Julho de 2023, recebi a sugestão de ajustar o retorno de algumas das empresas ‘delisted’ (Linx, Netshoes, Inter, Mosaico) no gráfico ‘LATAM Tech Stock Gross Return since IPO / SPAC / Direct Listing’, as quais estavam com os valores duplicados do gráfico anterior.
Tal ajuste, no entanto, foi apenas a nível visual, pois a base de dados estava com os valores correto, não impactando os valores calculados.
Lembrando que outras sugestões e feedbacks são mais do que bem-vindos!
Disclaimer: As análises e opiniões são minhas. Esse post tem apenas caráter educativo que visa apoiar empreendedores, investidores e demais interessados em melhor analisar transações de exit divulgadas no mercado.
Referências e links úteis:
Insights dos IPOs de empresas tech LatAm 🔔, Exit in Public
Insights dos IPOs de empresas tech LatAm - Parte 2 🔔, Exit in Public
SVB’s challenges will accelerate valuation down rounds, startup mortality, and layoffs, CB Insights
Não entre em IPOs, Marcelo Linhares
Unicorn Stock Net Return 180 Days After IPO, Ilya Strebulaev
Yahoo Finance
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Luiz